Agosto Lilás no Porto

Agosto Lilás no Porto

Agosto Lilás no Porto: respeito é lei, silêncio não é opção

O Agosto Lilás é muito mais do que uma campanha simbólica: é um compromisso coletivo pelo fim da violência contra a mulher. No setor portuário, onde a presença masculina ainda é predominante, essa pauta torna-se urgente. Violência não é apenas física — assédio moral, assédio sexual, discriminação e humilhações também ferem, desestabilizam e afastam mulheres desse mercado de trabalho.

Brincadeiras de cunho sexual, comentários depreciativos sobre aparência, isolamento intencional ou pressão excessiva no trabalho não são simples modos de interação ou de gestão: são formas de violência.

Reconhecer isso é o primeiro passo para transformar a cultura organizacional e construir um ambiente seguro e respeitoso para todos.

Atenta à gravidade do tema, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), em parceria com o Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor), elaborou o Guia de Enfrentamento ao Assédio. O documento enfatiza que “o conhecimento sobre os tipos e formas de assédio é essencial para preveni-lo, pois ajuda a identificar comportamentos inadequados e agir de forma assertiva”. Informar é, portanto, uma ferramenta de dupla proteção: protege as vítimas e alerta quem pratica, evitando que condutas abusivas sejam naturalizadas.

Do discurso à prática

A 2ª Pesquisa de Equidade de Gênero (2024), realizada pela ANTAQ, revelou que 76,9% das empresas do setor portuário já possuem políticas de prevenção e enfrentamento ao assédio. O número representa um avanço relevante, pois mostra que o tema ganhou espaço na agenda institucional e que há um esforço conjunto para criar ambientes de trabalho mais seguros e inclusivos.

Entretanto, ter políticas escritas não garante a transformação cultural necessária. Em muitos casos, elas não são amplamente divulgadas, faltam treinamentos contínuos para reforçar os conceitos e os canais de denúncia não são percebidos pelos trabalhadores como realmente seguros. Isso cria um cenário em que as regras estão no papel, mas o dia a dia ainda é marcado pelo silêncio e, muitas vezes, pela impunidade.

Para que a mudança seja real, é preciso transformar compromisso em ação, com medidas como:

•    Treinamentos regulares sobre assédio moral e sexual, com exemplos claros e situações reais do cotidiano portuário.
•    Canais seguros e sigilosos de denúncia, que acolham e protejam as vítimas contra retaliações.
•    Políticas institucionais de tolerância zero, aplicadas com consistência e alinhadas às recomendações da ANTAQ.
•    Divulgação ativa do Guia de Enfrentamento ao Assédio, garantindo que todos — homens e mulheres — conheçam seus direitos e deveres.

Respeito como valor central

Um porto verdadeiramente moderno e competitivo é aquele que movimenta cargas com eficiência e protege, com igual prioridade, a dignidade e a segurança de cada trabalhadora e trabalhador. No combate à violência, não há espaço para omissão: silenciar é permitir que ela continue.

Neste Agosto Lilás, que o compromisso ultrapasse as palavras e se transforme em atitude. Como orienta o Guia da ANTAQ: “o combate ao assédio é responsabilidade de todos”. A mudança começa quando cada um assume seu papel.

Porto seguro é aquele onde respeito é regra, e onde a coragem de agir fala mais alto que o medo de denunciar.

Fonte: Jornal Portuário

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